Sempre quando penso na minha vida daqui uns dez, quinze anos, eu sempre me imagino com a minha pequena.
Sim, uma filha. De olhos levamente puxados, com um sorriso encantador e muito fofa.
Sempre me imagino incentivando-a a correr atrás de seus sonhos, levando-a na escola, ensinando-a a amar, a ter um ídolo e ama-lo.
Mas eu sempre me imagino sozinha. Na minha cabeça, nunca vai ter alguém que me aguente e fique comigo pra cuidar de um filho, pra sempre.
Ou, eu tenho tanta certeza de que, um dia, eu me envolverei com aquele que poderia me fazer feliz e teria uma filha com ele, e nunca contaria nada disso à ele.
Porque, com certeza, depois de me envolver, eu perderia o contato com ele.
E seria mais ou menos assim: eu contaria a minha história com meu eterno amor pra ela, todas as noites, e explicaria porque o pai dela nunca esteve presente. Eu mostraria as fotos mais bonitas dele à ela e explicaria que a culpa não era dele, de não estar ali, que ele era muito bonzinho e sempre amou a mamãe.
Eu me imagino brincando, cuidando e explicando coisas à ela. E ela se chamaria Luiza. Luiza Kobayashi.
Eu nunca me cansaria do sobrenome dela, nem do porque de ter dado à ela esse nome. Eu explicaria à ela quem era o pai dela, e porque eu o amava tanto.
Eu não imagino alguém cuidando dela comigo. Eu não imagino ninguém perfeito o bastante pra cuidar dela, a filha "dele". Eu sequer, me acharia perfeita para o cargo de mãe dela.
Ninguém entenderia o porquê de eu ama-lá mais do que qualquer coisa, depois dele. Ninguém entenderia o porquê dela ser tão especial. E eu não contaria à ninguém.
Então, um dia, eu o encontraria de novo, e apresentaria à ele sua filha. E quando ele a visse, seus olhos iriam brilhar, ele iria me odiar por alguns segundos, por não ter contado nada à ele. Ela amaria o pai à primeira vista, igual à mim. Ele iria querer vê-la todos os dias e, aos poucos, iria roubar todo amor dela, me deixando com ciúmes, então ele me explicaria que ela também me ama.
Eu seria como uma criança boba com ciúmes dele e ele iria se divertir com isso. Seríamos melhores amigos, e cuidaríamos dela como quem cuida de uma flor. Com muito amor e carinho. Amaríamos ela mais do que a nossa vida.
Ele voltaria com aquela que sempre o fez feliz, eles teriam uma filha, e ela seria amiga da nossa Luiza. Elas seriam melhores amigas.
E, um dia, eu iria adotar um menininho de olhos puxados e iria dar à ele o nome do meu maior amor. Então, um dia, eu encontraria alguém especial e ficaríamos juntos pra sempre.
Eu, ele, nossa filha, a mulher que o faz feliz, o homem que me faz feliz, e os outros dois filhos. Dividindo isso tudo com os melhores amigos dele, e minhas melhores amigas. Nessa família desconcertada e diferente, teríamos o nosso Final Feliz.