terça-feira, 31 de julho de 2012

Apenas mais uma história de adolescentes - Capítulo 1


Parte 5
 - Para de olhar assim.
 - Assim como?
Como, Nathalia? Como?
 - Assim, uai.
Me sentei, dando de ombros. Ele sentou também e riu.
 - O que foi, nathalia?
Mexi no cabelo. Eu também não sabia.
 - Sei lá...
Ele riu. Porque ele tava rindo? Meu Deus, como eu to confusa!
 - Relaxa... – ele se aproximou e foi pra trás de mim, fazendo uma espécie de massagem em minhas costas. – porque ta tão tensa?
 Me virei de frente pra ele. Ele estava só de cueca, e eu completamente nua.
 Num instinto louco, eu passei meus braços em volta do pescoço dele e o abracei forte. Ele se assustou de primeira, depois passou os braços em volta de minha cintura e me abraçou forte. Eu quase chorei.
 - Ei...
 - O que?
 - Posso te falar uma coisa?
Ele se sentou na cama, pegou minhas pernas e passou em volta da cintura dele. Então, me olhou, segurando minhas mãos e falou:
 - Pode.
Eu escondi o rosto no peitoral dele, suspirei e comecei a falar, baixinho.
 - Eu gosto de você, muito. Desde daquele dia. Desde aquele primeiro toque a mais.
 Ele beijou o alto da minha cabeça e sorriu em meu ouvido.
 - Vou te contar um segredo – ele sussurrou – eu também.
Meu coração acelerou, eu virei o rosto pra ele, ele me olhou e sorriu. Os dois sabiam o que aconteceria a seguir.
 Ele aproximou o rosto do meu, devagar, então colou os lábios de leve nos meus, me puxou pra mais perto pela cintura, e deixou as mãos em minha lombar. Eu beijei de leve os lábios dele várias vezes, ele tirou os lábios dos meus e foi indo pro meu pescoço, beijando o delicadamente, me arrepiando. Coloquei as mãos na nuca dele, e passei as mãos pelo cabelo. Ele desceu mais as mãos e me puxou pra mais perto. Eu estava sem fôlego, ele voltou aos meus lábios e me beijou com doçura e desejo. Um beijo demorado se estendeu, então me deu uma vontade louca de tirar a minha roupa – que na verdade eu não sabia nem onde estava – e a dele.
 Nesse momento, ele interrompeu o beijo e pigarreou.
 - Acho melhor a gente parar... com isso.
Ele estava envergonhado, eu achei bonitinho e não conti um risinho.
 - Que foi?
 - Nada. Só achei bonitinho você com vergonha.
Ele sorriu, tímido.
 - Que horas são?
Ele pegou o celular na cômoda ao lado da cama. Olhou as horas, ainda com uma das mãos em minhas costas e acariciando-a levemente, fazendo eu me desconcentrar do mundo.
 - Quase oito. Você não tem que ir embora?
 - Nossa! Ta me expulsando é?
Ele riu.
 - Você sabe que não, linda.
 - Linda? Hmmmmmmmmmmmmmmmmmmm.
 - Para, chata. Não posso te dar um apelido carinhoso não?
Ele fez biquinho. Eu ri.
 - Claro que pode, mômô.
O sorriso dele foi de orelha a orelha.
 - Mômô?
 - Eu não posso te dar apelido carinhoso não?
Ele riu.
 - Claro que pode, mozinho – ele colou os lábios nos meus. – agora vai tomar um banho, porque sua mãe já deve ta preocupada.
 - Isso me expulse mais. Da próxima vez eu não venho.
Ele fez uma carinha fofa e me beijou.
 - Oh, mozinho, não to expulsando, to falando isso pro seu bem. Entende?
Sorri.
 - Claro que entendo, mômô, já to indo tomar banho.
Me desentrelaçei dele e fui até o banheiro tomar um banho.

Apenas mais uma história de adolescentes - Capítulo 1

Parte 4

 - Então... Vamos... Repetir?
Ele se aproximou, devagar, hesitante. Devagar, foi chegando mais perto. Eu não conseguia controlar minha respiração, abri a boca um pouco, pra conseguir puxar mais ar, ele me olhou.
 Ainda muito devagar, as mãos dele envolveram minha cintura. Arrepiei. Fazia quase um ano que ele não me tocava daquele jeito. Devagar de mais, ele aproximou o rosto do meu. Eu fechei os olhos, a boca dele estava a centímetros da minha. Prendi a respiração.
 - Que foi?                                         
Ele sussurrou junto aos meus lábios. Eu estava sem ar.
 - Que foi o que?
Sussurrei de volta, ele sorriu, fazendo cócegas em meus lábios. Eu estava confusa.
 - Você esta tensa.
Ele sussurrou, ainda com os lábios quase colados nos meus.
 - Não to não.
Eu quase não respirava. E porque ele estava fazendo aquelas perguntas estúpidas? Eu queria beijá-lo. E estava prestes a fazer isso, mas agora não conseguia achar uma maneira de interrompê-lo.
 Ele se afastou um pouco, eu abri os olhos e vi os lindos olhos azuis cheios de gloria me olhando. Ele acariciou meu rosto. Sorri de leve.
 Ele se aproximou, lenta e cuidadosamente, então beijou de leve o canto do meu lábio. Aquilo era ainda melhor que da outra vez. Coloquei minhas mãos em volta do pescoço dele, por puro instinto.
 Ele tirou o cabelo molhado do meu pescoço e foi beijando meu maxilar, minha orelha, meu pescoço... como ele conseguia fazer aquilo? Estava me deixando completamente louca.
 Minhas mãos deslizaram até a nuca dele, puxando-o pra mais perto. Ele sorriu em meu pescoço nu, então o beijou. O lugar onde ele beijou se arrepiou, e estendeu um arrepio até meu dedão do pé.
 Ele desceu as mãos até a altura da minha costela e as firmou ali, então me beijou; o beijo doce e intenso dele me deixava tonta, simplesmente me deixei levar enquanto ele brincava com minha língua e explorava cada parte dela com movimentos leves e suaves. Nem parecia um beijo tão intenso quando eu sentia a língua dele tão suave em minha boca.
 As mãos dele invadiram meu sutiã e lentamente começaram a acariciar meus seios, desci as mãos pelas costas dele.
 Depois que ele tirou as mãos dos meus seios, eles formigaram, ansiando por mais do toque.
 E depois de muito tempo naquilo, ele resolveu que só toques não apagariam o fogo dos dois.
 Ele lentamente, foi tirando o que restava da minha roupa ensopada e suada. Apesar de estarmos numa banheira, eu me sentia quase suada.
 Ele foi doce, intenso e extremamente delicadamente selvagem. Quase não consegui me controlar depois que já estávamos nus.
 Os arrepios que ele me causava eram bons de mais pra ser verdade, e cada parte do meu corpo que ele beijava formigava e arrepiava. Não dava pra acreditar que algo podia ser tão bom assim quanto ele.

 Acordei totalmente embriagada de prazer e tontura. Eu não conseguia acreditar que tinha acontecido de novo, e tinha sido melhor que a primeira vez.
 Deviam ser umas sete da noite, pouco me importava, eu estava com ele.
 Abri os olhos, lentamente. E ele estava lá, me observando dormir. Sorri por puro instinto, ele sorriu de volta e tirou uma mecha do meu rosto. Me prendi nesse momento.
 Mas... Espera! Pausa. Para com tudo isso. Quem é você e o que fez com o Murilo? Volta, volta, volta. Calma, respira.
 - É... oi?
Ele riu.
 - Oi.
Ele sorriu meio de lado. Sorriso lindo, a carinha mais linda do mundo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Apenas mais uma história de adolescentes - Capítulo 1

Parte 3

 A mão dele foi até meu rosto e o acariciou. Eu fechei os olhos, estava paralisada. Os lábios dele encontraram os meus. Tão macios, leves, delicados... os lábios perfeitos.
 Abri a boca, lentamente. E a língua dele, igualmente lenta, invadiu minha boca, o hálito dele tomou conta de tudo. Um hálito tão doce que me senti no céu. A língua dele tocou a minha, delicadamente.
 Aquilo tudo era tão novo. Tanto pra mim, quanto pra ele. Nunca pensávamos que iríamos nos beijar, tão inesperada e intensamente.
 As mãos deles desceram ate minha cintura, sem interromper o beijo, eu já estava sentada, entrelaçada as pernas e aos braços dele.
 Delicada e lentamente, passei minhas mãos pra nuca dele. Brincando com o cabelo dele, enquanto ele explorava delicadamente minha língua.
 Tão lindo e intenso. Não pude resistir. Eu, simplesmente, senti. E quando vi já tinha acontecido tudo.
 Nunca pensei que poderia amar tão intensamente alguém com quem compartilhei meus maiores segredos.
 Depois que acordei, fiquei totalmente confusa. Meu coração acelerado. E ele, ainda como antes, brincava comigo como se nada tivesse acontecido. Ele não parecia mudado como eu. Então, fingi que estava tudo bem.
 Quase um ano depois, aquilo ainda mexia de mais comigo.
 - Nathalia. Ta em que mundo, louca?
Era ele. Me situei na sala. Voltei ao mundo real, onde ele não me pertencia, e não era aquele Murilo que foi na casa dele durante nosso “amor”.
 - Oi? O que?
 - Tava pensando em que?
 - Nada...
Foquei no rosto dele, que estava com um sorriso brincalhão. Estava debochando de mim? Isso mesmo? Depois ele iria levar.
 - Não tava pensando na noite que teve com qualquer garoto ai não?
Revirei os olhos. Ele sabia que eu não ficava com “qualquer garoto”.
 - Você é chato né?
Ele riu.
 - Você sabe que eu te amo né?
 - Sei, sei. Vai pro seu lugar que suas notas estão péssimas e a professora já ta na sala.
Ele revirou os olhos e foi indo pra sua cadeira, quase do lado da minha.
 - Péssimas nada, ta? Estão mais ou menos.
Eu ri. Que garoto idiota.

 Sai da sala, depois que bateu o sino. Irritada por não ter conseguido prestar muita atenção na aula. Fiquei pensando no Murilo e no tal dia.
 Nos nunca havíamos falado daquele dia, nem comentado. Nem nada. Eu achava melhor assim, porque, pelo menos assim, eu não teria que falar que tinha sido a coisa mais incrível que eu já tinha vivido. E o quanto eu me sentia envergonhada por não conseguir mais ser como era antes com ele. Não que tivesse mudado muita coisa, mas eu não ia mais com tanta freqüência a casa dele.
 Suspirei.
 Hoje era dia de ir a casa dele. Ele tinha me chamado pra ir pra la, porque ele tinha “comunicado a me fazer”. Que tipo de comunicado? Ele falaria que a coisa com a tal piriguete la era seria? Ou ele falaria alguma coisa banal? Ou ele estaria entrando em um emprego e queria me avisar? Ele tinha se decidido que faculdade iria fazer?
 Cheguei em casa e fiquei remoendo essas perguntas durante todo o almoço. A coisa era de mais pra minha cabeça.
 Deitei em minha cama, com os fones de ouvido no máximo e dormi.
 Sonhei com coisas sem sentido algum, e com nada.
 Acordei, assustada sei la com o que. Já eram duas e meia. Ele tinha marcado na casa dele duas horas. Droga.
 Levantei, tomei um banho rápido, coloquei a primeira roupa que vi e desci correndo as escadas. Fui correndo ate a casa dele. Ele me atendeu, emburrado.
 Subimos pro quarto dele, eu deitei na cama. Ainda estava com sono. Ele ficou de pé.
 - Porque demorou tanto, sua coisa?
 - Porque eu dormi, ué.
Ele revirou os olhos e se sentou na ponta da cama.
 - Eai, o que tinha de importante pra me falar?
Ele coçou a nuca. Estava nervoso. Ele mordeu o lábio e me olhou.
 - O que você fez dessa vez?
Sabia que ele tinha feito coisa errada. Só pelo jeito dele.
 - É que... Não tem a garota que eu fui à festa ontem?
 - Hm?
Não queria saber dela.
 - Então... A gente transou. Só que... Eu não queria ter feito isso. To arrependido. Me ajuda.
Meu coração acelerou. Que droga. Aquela garota nojenta tinha tocado no corpo que pertencia a mim.
 - O que eu posso fazer ué? Não fizeram maquina do tempo ainda pra você voltar e desfazer o que fez.
Ele suspirou.
 - Eu sei, mas... Sei lá. Você sempre sabe o que fazer pra me fazer sentir melhor.
Eu ri. Ele estava mesmo falando aquilo?
 - Então... A melhor coisa a se fazer agora é tomar um banho, com sal grosso, etc. pra tirar tudo de ruim que essa garota deixou em você.
Ele riu. Funcionou.
 - Tudo bem, senhorita. Vou fazer isso agora mesmo.
Ele tirou a camisa. Porque os músculos tinham que ser tão definidos? Perdi o ar completamente.
 - Ei, não vai querer tomar um banho comigo na minha banheira nova?
Como assim?
 - Hãn?
Ele riu.
 - Na verdade, o comunicado importante era que agora eu tenho uma banheira no banheiro do meu quarto, e posso usar quando quiser. E queria que você me acompanhasse no meu primeiro banho, afinal é minha melhor amiga.
Eu ri.
 - Nossa, como você é maduro, Murilo. Mas... Como eu vou tomar banho?
Ele revirou os olhos.
 - Primeiro – ele se aproximou de mim, colocou as mãos no final da minha blusa – você tira a blusa – e a tirou. – Depois... – ele colocou a mão em minha cintura e desceu até meu short – você tira o short – e o tirou.
 Eu estava totalmente arrepiada.
 - Agora você vem e toma banho comigo.
Nos nunca tínhamos feito nada que nos deixasse um pouco mais “íntimos” depois daquele dia. Isso era a primeira vez.
 Ele tirou a bermuda florida – que eu odiava - que vestia, e foi correndo ate o banheiro. Eu fui junto com ele.
 A banheira cabia eu, ele e mais umas duas pessoas. Me acomodei, mais relaxada e fiquei olhando o crianção brincando com a espuma da banheira.
 - Vai ficar brincando com a espuma mesmo?
Ele riu.
 - Não... Ah! Eu queria falar com você sobre uma coisa...
 - Pode falar.
Devia ser qualquer coisa sobre as “namoradas” dele.
 - Lembra... Daquela vez que... Eu e você... Aqui em casa?
Ele estava nervoso. A mão dele estava na nuca. Droga. Teríamos mesmo que falar daquilo?
 Engoli em seco.
 - Ano passado?
Ele tirou a mão da nuca e as colocou dentro da água. Ele parecia procurar algo pra se esconder.
 - Sim.
Mordi o lábio de leve, pra esconder meu nervosismo.
 - O que é que tem?
Ele tirou as mãos da água e ficou brincando com a espuma na superfície. Ele não me olhava e eu olhava suas mãos, nervosas.
 - Eu queria saber se... Você gostou?
Mordi o lábio, muito nervosa. Eu tinha gostado. Muito. E não tinha parado de pensar naquilo desde que aconteceu.
 - Sim...
Sussurrei, muito baixo. Ele escutou, mas continuou brincando com a espuma, visivelmente nervoso. O que era aquilo? O garoto mais confiante que eu conhecia estava super nervoso por falar num assunto com sua melhor amiga? O mundo estava enlouquecendo.
 - E você?
Me arrependi de ter perguntado quando ele levantou a cabeça e me olhou, confuso. Ele se esqueceu da espuma.
 - Gostei.
Aquilo era realmente constrangedor.
 - Então... Porque mesmo a gente ta falando disso?
Ele deu de ombros e voltou a se concentrar na espuma.
 - Sei lá... Queria saber se você gostou ou se... – ele fez uma pausa e pegou a espuma e jogou pra cima, nervoso – a gente podia repetir a dose.
Ele se concentrou, realmente, na espuma, parecendo querer se esconder. Eu não sabia o que dizer. É claro que eu queria repetir, mas... Aquilo era loucura! Eu gostava dele e aquilo era, realmente, loucura.
 - Sim...?
Foi quase uma pergunta, ele afundou na banheira. Ele estava se escondendo. Mas do que, eu não sabia. Esperei.
 Segundos depois ele voltou à superfície e limpou o rosto, com as mãos molhadas.

Apenas mais uma história de adolescentes - Capítulo 1

Parte 2

Prendi o ar. O QUE? O MEU Murilo ficando com uma piriguete daquelas? Porque ele não ficava comigo? Eu o amava. Droga.
 Meus olhos arderam e meu coração acelerou. Respirei fundo e tentei me controlar. Anita me abraçou. O abraço dela era tão bom que quase me esqueci porque tinha quase chorado. Sorri.
 - Obrigada.
Sussurrei, ainda com um nó na garganta, se desfazendo aos poucos.
 O sino soou. Ajeitei meu cabelo e passei o indicador de baixo dos olhos.
 - Vamos?
 - Vamos.
Ela sorriu pra mim, nos levantamos e fomos pra sala.
 Sentei em meu lugar, ainda um pouco tensa. Segundos depois Murilo apareceu na porta, com a mochila largada nas costas, e andando daquele jeito largado encantador que só ele tinha. O sorriso estava iluminado, apesar das olheiras fracas debaixo dos olhos azuis. Os olhos, aqueles olhos cintilavam. Alguma coisa estava diferente naqueles olhos sempre muito relaxados e tranqüilos... Havia algo errado, algo como uma tensão...
 Me desliguei dos olhos quando ele mexeu a cabeça, tirando o cabelo dos olhos. Os cabelos relativamente escuros lisos, estavam com um tom mais claro em algumas partes. Ele tinha clareado no dia anterior, pra festa.
 Ele sorriu e foi até seu lugar. Que, por acaso, era perto do meu. Ele cumprimentou os amigos e depois sorriu pra mim.
 De certa forma, éramos amigos. Quer dizer... Éramos mesmo amigos, tipo amigos que conversam todos os dias. Quase melhores amigos. Eu sabia quase tudo da vida dele, o que me deixava cada vez mais apaixonada por ele.
 Uma vez, cometemos o erro de ficar. Ficamos e foi ótimo. Seria melhor se eu não tivesse me apaixonado por ele.
 Eu já sentia algo como uma atração pelo meu melhor amigo bonitinho, mas depois que nos beijamos aquele sentimento se multiplicou por um milhão. E não quis mais parar. Meu coração se acelerava ao máximo só com um abraço depois do nosso primeiro beijo.
 Éramos muito amigos, desde... Desde a sexta serie, acho. Anita gostou dele de primeira. E fui eu quem fiquei amiga dele, depois disso eles se aproximaram, ficaram e viram que não passaria de uma amizade, ou de ficantes, ou qualquer coisa assim. Eles, definitivamente, não eram feitos um pro outro.
 Eu lembro como se fosse ontem, quando eu e ele nos beijamos pela primeira vez. E não foi um beijo qualquer, ou uma coisa de criança.
 Tinha sido no ano anterior, lá pela metade do ano. Eu ia sempre a casa dele, ficar conversando ou falando qualquer bobagem.
 Um dia desses, a gente estava conversando sobre nossos rolos. Eu estava falando sobre o Marcelo, um garoto com quem eu estava ficando. Eu gostava dele, realmente. E ele tinha me apresentado aos pais, a coisa mais formal do mundo. Eu achava que ele gostava de mim, mas depois descobri que não era bem isso.
 Eu estava contando pro Murilo o que tinha acontecido no nosso encontro do final de semana. Ele estava entediado, muito entediado.
 - Para de falar desse garoto, nath. Nunca vi gostar tanto de falar de um garoto tão sem sal que nem esse... Marcos...
 - Marcelo, garoto!
Ele escondeu um sorriso, virando o rosto pro lado, tentando ficar serio.
 - Ah, esse ai.
Cruzei os braços.
 - Eu tenho que agüentar você falando das suas meninas e você não pode escutar um pouquinho do meu final de semana com meu namorado?
 - É namorado agora? Não era ficante?
Me virei de costas pra ele, emburrada. Ele era tão irritante! Lembro de ter ouvido uma risadinha dele ao fundo, abafada por sua mão.
 Levantei de sua cama, bastante irritada, e fui até a sacada. Odiava quando ele me irritava. Fiquei sentada lá, de braços cruzados, até que ele foi lá, falar comigo.
 - Me desculpa?
Ignorei. Ele suspirou e se sentou do meu lado.
 - Para, Nathalia, você sabe que eu não fiz por mal.
Continuei ignorando.
 - Vai ignorar mesmo? Vou ter que apelar mesmo?
Lembro que meu primeiro pensamento foi confuso, então me lembrei das outras vezes que ele “apelou”. Então continuei ignorando. Ele colocou as mãos na minha cintura e começou a fazer cócegas.
 - MURILO! – tentei dizer entre risos. Eu odiava quando ele fazia cócegas em mim – para. Eu te desculpo, para, para.
Ele ria mais que eu, era uma criança mesmo. Ele continuou fazendo cócegas loucamente em mim, eu estava sem fôlego já e não conseguia parar de rir.
 - Murilo, sério, para.
 - Ninguém mandou você me ignorar, agora vai pagar.
Ele disse, tentando parecer sério, mas ainda rindo.
 - Paaaaaara.
 - Pede água.
Ele ria mais que eu ainda, mas não parava um segundo sequer. Eu não conseguia parar pra poder respirar. Fiquei bastante irritada.
 - Água, água, água, água.
Quando ele parou de fazer as cócegas torturantes, caiu em cima de mim. Nos olhamos. Foi um momento tão... Profundo e intenso.
 Os olhos dele nos meus, meus olhos nos dele. Foi a coisa mais intensa que eu já tinha vivido.

Apenas mais uma história de adolescentes - Capítulo 1

Parte 1:
  Era Julho, acho. Estava um pouco frio. Levantei-me, com um pouco da noite anterior ainda na cabeça. Tudo o que tinha acontecido martelava como um sino em minha cabeça. Doía, incomodava. Porque tinha que ficar tudo grudado lá?
 Como muitas vezes durante a noite insone, me vieram à mente algumas imagens. Ele, com aquela garota - da qual eu não sabia nada -, linda, parecia que era tudo o que ele queria. Com aquele shortinho, aquele cabelo ondulado, as coxas grossas, cinturinha fina. Sorriso largo e lindo. As madeixas castanhas pareciam brilhar. A maquiagem a deixava mais linda ainda. Mesmo que a garota me parecesse vulgar de mais, todos os garotos a olhavam. E parecia que o meu garoto estava gostando de estar ao lado da garota desejada.
 Eu não tinha certeza se ele estava com aquele sorriso enorme porque estava com a garota que amava, ou porque estava com a garota mais desejada da noite.
 Quer saber? Não importa. Afinal, Murilo é um idiota mesmo. Não sei por que ainda perco o ar toda vez que vejo aquele lindo sorriso.
 Balancei a cabeça, fui até o banheiro. Era mais ou menos, cinco e quarenta da manhã. Eu havia dormido muito pouco. Aquilo não era um bom sinal. Tomei um banho gelado rápido, me vesti e me olhei no espelho.
 As mechas roxas estavam todas emaranhadas num nó horrível em minha nuca. Peguei uma escova e desfiz os nós, pacientemente. Afinal, tinha bastante tempo.
 Depois, dei uma geral. Os olhos castanhos com leves olheiras abaixo, os lábios mais ou menos, carnudos estavam um pouco pálidos. Eu estava realmente bem? Peguei um brinco qualquer. E quando fui colocar, vi que era o certo. O da pimentinha, o preferido, o da sorte. Era um brinco normal, com um pingente de uma pimenta bem vermelha, nem muito longa, nem muito curta.
 Coloquei os brincos e depois fui escolher dois mais discretos pros três outros furos. Coloquei-os e me olhei de novo. Eu estava aceitável. Se ignorasse um pouco as olheiras, os lábios pálidos e a cara de totalmente morta.
 Peguei um blush e dei uma leve passada nas maçãs do rosto, fiquei com uma aparência melhor. Só mais um gloss. deixaria tudo muito melhor.
 Meus cabelos estavam presos. O que mostrava meu pescoço magro e o maxilar tenso de mais. Soltei-o. Estavam na altura do ombro, e deixavam bem à mostra as madeixas roxas na parte de trás da cabeça. Eu gostava disso.
 Fiquei um tempo me arrumando e quando terminei, deviam ser umas seis e meia. Então peguei minha mochila e desci as escadas da minha casa até a sala, preguiçosamente. Minha mãe estava fazendo café na cozinha, e se surpreendeu quando apareci lá, pedindo uma xícara.
 - O que foi, Nathalia? Porque acordou tão cedo?
 - Sei lá, mãe. Não tava com sono. – peguei a xícara e dei um belo gole. Aquilo ajudaria, mais tarde, na aula. E nas conversas longas com as meninas. – Cadê meu pai? Vai demorar muito pra ele sair pra trabalhar?
 - Não sei, filha. Deve demorar mais uns... 20 minutos.
Ela disse olhando o relógio. Eu suspirei. Teria de ir a pé. Mais 20 minutos, sentada no sofá olhando pra TV não ajudaria em nada no meu bom estado mental.
 Já estava difícil de ficar sem pensar em Murilo e a morena gostosona enquanto falava com minha mãe e tomava café.
 Terminei a xícara de café em poucos segundos, escovei os dentes e sentei no sofá, cansada. Depois, parei de tentar não pensar nele. Levantei-me e fui até a cozinha.
 - Mãe, eu vou a pé, ta? Beijos.
 - Ok, filha, cuidado.
Dei um beijo rápido na bochecha da minha mãe e fui correndo até a porta da casa. Estava chovendo. Torci a boca e coloquei o capuz. Fui andando rapidamente até o colégio – que ficava a algumas quadras da minha casa -, quando cheguei lá, eram mais ou menos, seis e quarenta. Vinte minutos.
 Qual é? O mundo estava de brincadeira né? Não bastava ter a opção de vinte minutos em casa, agora eu teria a não opção de vinte minutos na escola.
 Já não bastava ter pensado no garoto que eu mais amava com outra durante o caminho todo até o colégio? Mas que droga!
 Andei um pouco pelo pátio, aonde era coberto, então encontrei Anita, sentada num banco, vendo seilaoque no caderno. Sorri e corri até ela.
 - Eai, coisa.
Ela levantou os olhos do caderno e, dois segundos depois, sorriu.
 - Oi, nath.
Me sentei ao lado dela, esperando começar uma longa conversa sobre a festa da noite anterior, ou qualquer coisa. Como sempre fazíamos.
 Anita era minha melhor amiga, ela sabia tudo sobre mim. Nos conhecíamos desde a quinta série. E agora estávamos começando o terceiro ano, juntas.
 Ela sabia tudo sobre mim, e eu tudo dela. Éramos como irmãs.
 Como eu esperava, ela começou a falar:
 - Você viu o Murilo com a Lucia?
 - Lucia? Esse é o nome dela?
 - Sim, amiga. Aquela garota é mais rodada que roda de caminhão.
Eu ri da comparação idiota da Anita. Ela sempre fazia comparações ridículas como essa.
 - Que foi? Porque ta rindo?
 - Nada, Ani. Eai, quem já pegou ela?
 - Murilo, Pedro, João, Matheus, Pablo, Lucas, Marcelo, Carlos, Ítal...
 - Perai, TUDO ISSO?
Eu a interrompi.
 - Pois é... E isso é só da nossa área. Imagina os que ela já beijou que a gente não conhece?
Cruzei as pernas e mordi o lábio, nervosa.
 - E o Murilo ainda tem coragem de sair com essa garota?
Anita arranhou a calça e deu um sorriso amarelo. Aquilo nunca era bom sinal. Estralei os dedos e me preparei.
 - O que tem a mais?
Ela olhou pra baixo, ainda arranhando a calça na altura da coxa.
 - Parece que eles estão meio que ficando, Nath.

Confusões da minha cabeça

 Tá legal, vamos tentar fazer uma coisa legal, bem elaborada e bem... misteriosa. Pra ninguém saber realmente do que to falando.
 Bem do jeito que eu gosto, ou melhor, bem do jeito que eu sempre quis e nunca soube. Bonézinho, tênis, moletom folgado, tatuagem, alargador, pircing, estilo e aquele jeito bobo que sempre me encantou.
 Sabe aquela coisa de quando as coisas acontecem do nada, e sem você perceber? Então, quando eu percebi, já era tarde de mais. Mas acho que não me arrependo muito, pois a maioria dos meus sorrisos são causados por aquele cujo a boca tem pircings. 
 O mais díficil é lidar com essa distância, porque todo o resto, eu já lidei antes, com outros. A coisa da dor e tal... 
 Andando com todo aquele swag, sorrindo com toda aquela marra, falando com toda aquela babaquice. Com o skate debaixo do braço, com piadas idiotas, com o estilo diferente. Do jeito que eu sempre imaginei, mesmo não sabendo, eu sempre imaginei. Sei lá... 
 É tudo tão estranho e tão novo pra mim, não sei faço a mínima ideia de como fazer pra tirar ele da minha cabeça, e não sei como vou fazer pra parar isso. Eu, que tão acostumada com paixões de vários tipos, sendo surpreendida pelo meu próprio coração, pelo meu próprio sentimento, com o qual já andava bem acostumada, e me relacionava frequentemente. 
 Não sei explicar como é a sensação, não sei explicar nem o que eu sinto. Na verdade, eu nunca sei, eu nunca explico. Eu apenas escrevo, escrevo, escrevo e nada faz o menor sentido. E nada explica nada, nem alivia nada. Só... faz eu sentir como se tivesse contado tudo pra alguém, sem ter contado nada. Sem ter... Eu nem sei mais do que to falando.
 E odeio o fato de não conseguir continuar no mesmo assunto por muito tempo.
 O que eu queria dizer é que o sorriso dele, me faz sorrir.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Sorrir

 Hoje eu me senti bem. Hoje eu sorri. Hoje eu... eu... eu... me senti mais como eu. Eu sorri, e eu falei bobagens, eu ri de nada. E você não tava aqui comigo. Nem um "oi" nas redes sociais, e nem tava em qualquer lugar que eu procurei.
 Mas tudo bem, porque uma música me alegrou, e me lembrou do sentido da vida. Me lembrou de cada mínimo detalhe que deve ser valorizado e muito bem preservado.
 E depois disso eu comecei a pensar que sua existência, e sua presença são tão insignificantes perto da beleza gigante do mundo. 
 Eu declarei o dia de sorrir, o dia de amar quem me ama. Eu  declarei o dia de... ser quem eu sou.
 E sabe o que é melhor nisso tudo? Que eu posso sorrir, que eu posso ser feliz, sem precisar de você. E todos os dias vão ser assim agora.
 Imagina que lindo, uma vida sem você e sua existência, sem um pensamento em você. Que delícia...
 Isso seria um mundo perfeito, sem lágrimas, sem dor, sem... sem nada disso que você causa.
 E hoje foi assim. Meu mundo perfeito... sem você e nada ligado à você e a sua insignificancia.

domingo, 15 de julho de 2012

Reclamações

 Sabe uma coisa que sempre me deixa um tanto quanto irritada? Ou melhor, muito irritada. É essa coisa de você nem olhar mais pra minha cara... Principalmente depois que começou a namorar... Até parece que a gente não é amigo, e nunca brincamos e nos portamos como tais.
 Isso me deixa mega irritada. Ainda mais quando você pergunta qualquer coisa inútil só pra puxar assunto. E eu - por mais incrível que pareça - ajo com grosseria com você. Por estar irritada com você, por estar magoada. Por você nem se importar com isso, nem se importar com tudo que disse não iria fazer.
 Às vezes eu acho que você nem se lembra de mim e de todas as vezes que me fez sorrir. Todas as vezes que me abraçou e sentiu meu coração acelerado. Todas as vezes que me beijou e fechou os olhos.
 Desculpa se eu não sou o que você sempre sonhou. Mas você poderia pelo menos ter um pouco de consideração por quem sempre tentou ser o melhor que você poderia desejar.
 Eu sei que nunca deu muito certo o nosso "nós", mas pelo menos a gente tentou. E o "eu e você" sempre deu muito mais certo. Então porque colocar um fim tão dolorido nele? Um fim tão cruel e tão inesperado. E só eu sofro com ele. Que merda.
 Eu gostava mais de você quando você era fofo comigo, e me abraçava sempre quando me via... eu preferia o você do ano passado... Pena que você mudou.
 Me cansei de reclamar e de me lamentar. Agora é sério. Vou parar.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

É assim....

 A coisa tá meio difícil... e quando eu falo coisa, eu não me refiro apenas às coisas relacionadas a você, tipo... quando eu estou com você. Eu falo sobre tudo... sobre a nossa... "história".
 Parece que acabou. Ou não. Agora tanto faz.
 Sério, porque você sempre tem que acabar com minha diversão? Pensando bem... você é minha diversão, de certo modo. Porque meu sorriso é melhor quando eu to com você... ou talvez seja só ilusão.
 Descobri que você é péssimo em cumprir promessas, ou em fazer algo que disse que queria fazer... Você disse que não queria mais me magoar. Eu lembro disso como se fosse ontem... 
 E hoje eu to aqui, quase chorando, lembrando de tudo... implorando, mudamente, pra você voltar.
 Duvido que ela seja tão boa quanto eu pra você... Ninguém seria tão idiota pra ficar com você por tanto tempo... Ninguém faria tudo o que eu fazia - faço ainda - por você.
 Agora que não tem mais nada, meu cérebro quer insistir em trazer à tona todas aquelas coisas que você me disse, todos aqueles beijos, aqueles abraços, aqueles toques... tudo! E dói muito ter que lembrar de cada detalhe teu, de cada mania que você tinha quando me via, quando me beijava, quando me abraçava, quando  falava comigo. Dói lembrar e pensar que tudo isso é dela agora...
 Você se foi tão fácil...
 Você desistiu fácil... Talvez, você nunca tenha valido a pena mesmo... Talvez seja melhor assim.
 Então porque as lembranças boas - e dolorosas - insistem em ficar em minha mente?
 Acho que o melhor que eu posso fazer é ocupar minha mente com aquelas velhas atividades sem sentido que sempre ocupam a maior parte do meu tempo, e sempre conseguem te tirar da minha mente. A melhor coisa que eu posso fazer é isso. Por enquanto.
 Quem sabe, um dia, você volte. E sorria daquele jeito de novo quando me ver, e me abrace daquele jeito gostoso... Quem sabe, você vai voltar, e vai contar aquelas histórias sem sentido que só são legais quando contadas por você. E vai fazer aquela carinha idiota que só você sabe fazer. Ou vai fazer aquela carinha maliciosa, com um meio sorriso e olhar pra mim.
 Ou vai me abraçar. E não soltar nunca mais. Só quando enjoar de sentir meu coração acelerado em você...
 Ou vai simplesmente sorrir daquele jeito malicioso e pedir pra ficar comigo. Me abraçar, me beijar... E tudo vai voltar a ser como era antes.
 Ou não.