segunda-feira, 30 de julho de 2012

Apenas mais uma história de adolescentes - Capítulo 1

Parte 3

 A mão dele foi até meu rosto e o acariciou. Eu fechei os olhos, estava paralisada. Os lábios dele encontraram os meus. Tão macios, leves, delicados... os lábios perfeitos.
 Abri a boca, lentamente. E a língua dele, igualmente lenta, invadiu minha boca, o hálito dele tomou conta de tudo. Um hálito tão doce que me senti no céu. A língua dele tocou a minha, delicadamente.
 Aquilo tudo era tão novo. Tanto pra mim, quanto pra ele. Nunca pensávamos que iríamos nos beijar, tão inesperada e intensamente.
 As mãos deles desceram ate minha cintura, sem interromper o beijo, eu já estava sentada, entrelaçada as pernas e aos braços dele.
 Delicada e lentamente, passei minhas mãos pra nuca dele. Brincando com o cabelo dele, enquanto ele explorava delicadamente minha língua.
 Tão lindo e intenso. Não pude resistir. Eu, simplesmente, senti. E quando vi já tinha acontecido tudo.
 Nunca pensei que poderia amar tão intensamente alguém com quem compartilhei meus maiores segredos.
 Depois que acordei, fiquei totalmente confusa. Meu coração acelerado. E ele, ainda como antes, brincava comigo como se nada tivesse acontecido. Ele não parecia mudado como eu. Então, fingi que estava tudo bem.
 Quase um ano depois, aquilo ainda mexia de mais comigo.
 - Nathalia. Ta em que mundo, louca?
Era ele. Me situei na sala. Voltei ao mundo real, onde ele não me pertencia, e não era aquele Murilo que foi na casa dele durante nosso “amor”.
 - Oi? O que?
 - Tava pensando em que?
 - Nada...
Foquei no rosto dele, que estava com um sorriso brincalhão. Estava debochando de mim? Isso mesmo? Depois ele iria levar.
 - Não tava pensando na noite que teve com qualquer garoto ai não?
Revirei os olhos. Ele sabia que eu não ficava com “qualquer garoto”.
 - Você é chato né?
Ele riu.
 - Você sabe que eu te amo né?
 - Sei, sei. Vai pro seu lugar que suas notas estão péssimas e a professora já ta na sala.
Ele revirou os olhos e foi indo pra sua cadeira, quase do lado da minha.
 - Péssimas nada, ta? Estão mais ou menos.
Eu ri. Que garoto idiota.

 Sai da sala, depois que bateu o sino. Irritada por não ter conseguido prestar muita atenção na aula. Fiquei pensando no Murilo e no tal dia.
 Nos nunca havíamos falado daquele dia, nem comentado. Nem nada. Eu achava melhor assim, porque, pelo menos assim, eu não teria que falar que tinha sido a coisa mais incrível que eu já tinha vivido. E o quanto eu me sentia envergonhada por não conseguir mais ser como era antes com ele. Não que tivesse mudado muita coisa, mas eu não ia mais com tanta freqüência a casa dele.
 Suspirei.
 Hoje era dia de ir a casa dele. Ele tinha me chamado pra ir pra la, porque ele tinha “comunicado a me fazer”. Que tipo de comunicado? Ele falaria que a coisa com a tal piriguete la era seria? Ou ele falaria alguma coisa banal? Ou ele estaria entrando em um emprego e queria me avisar? Ele tinha se decidido que faculdade iria fazer?
 Cheguei em casa e fiquei remoendo essas perguntas durante todo o almoço. A coisa era de mais pra minha cabeça.
 Deitei em minha cama, com os fones de ouvido no máximo e dormi.
 Sonhei com coisas sem sentido algum, e com nada.
 Acordei, assustada sei la com o que. Já eram duas e meia. Ele tinha marcado na casa dele duas horas. Droga.
 Levantei, tomei um banho rápido, coloquei a primeira roupa que vi e desci correndo as escadas. Fui correndo ate a casa dele. Ele me atendeu, emburrado.
 Subimos pro quarto dele, eu deitei na cama. Ainda estava com sono. Ele ficou de pé.
 - Porque demorou tanto, sua coisa?
 - Porque eu dormi, ué.
Ele revirou os olhos e se sentou na ponta da cama.
 - Eai, o que tinha de importante pra me falar?
Ele coçou a nuca. Estava nervoso. Ele mordeu o lábio e me olhou.
 - O que você fez dessa vez?
Sabia que ele tinha feito coisa errada. Só pelo jeito dele.
 - É que... Não tem a garota que eu fui à festa ontem?
 - Hm?
Não queria saber dela.
 - Então... A gente transou. Só que... Eu não queria ter feito isso. To arrependido. Me ajuda.
Meu coração acelerou. Que droga. Aquela garota nojenta tinha tocado no corpo que pertencia a mim.
 - O que eu posso fazer ué? Não fizeram maquina do tempo ainda pra você voltar e desfazer o que fez.
Ele suspirou.
 - Eu sei, mas... Sei lá. Você sempre sabe o que fazer pra me fazer sentir melhor.
Eu ri. Ele estava mesmo falando aquilo?
 - Então... A melhor coisa a se fazer agora é tomar um banho, com sal grosso, etc. pra tirar tudo de ruim que essa garota deixou em você.
Ele riu. Funcionou.
 - Tudo bem, senhorita. Vou fazer isso agora mesmo.
Ele tirou a camisa. Porque os músculos tinham que ser tão definidos? Perdi o ar completamente.
 - Ei, não vai querer tomar um banho comigo na minha banheira nova?
Como assim?
 - Hãn?
Ele riu.
 - Na verdade, o comunicado importante era que agora eu tenho uma banheira no banheiro do meu quarto, e posso usar quando quiser. E queria que você me acompanhasse no meu primeiro banho, afinal é minha melhor amiga.
Eu ri.
 - Nossa, como você é maduro, Murilo. Mas... Como eu vou tomar banho?
Ele revirou os olhos.
 - Primeiro – ele se aproximou de mim, colocou as mãos no final da minha blusa – você tira a blusa – e a tirou. – Depois... – ele colocou a mão em minha cintura e desceu até meu short – você tira o short – e o tirou.
 Eu estava totalmente arrepiada.
 - Agora você vem e toma banho comigo.
Nos nunca tínhamos feito nada que nos deixasse um pouco mais “íntimos” depois daquele dia. Isso era a primeira vez.
 Ele tirou a bermuda florida – que eu odiava - que vestia, e foi correndo ate o banheiro. Eu fui junto com ele.
 A banheira cabia eu, ele e mais umas duas pessoas. Me acomodei, mais relaxada e fiquei olhando o crianção brincando com a espuma da banheira.
 - Vai ficar brincando com a espuma mesmo?
Ele riu.
 - Não... Ah! Eu queria falar com você sobre uma coisa...
 - Pode falar.
Devia ser qualquer coisa sobre as “namoradas” dele.
 - Lembra... Daquela vez que... Eu e você... Aqui em casa?
Ele estava nervoso. A mão dele estava na nuca. Droga. Teríamos mesmo que falar daquilo?
 Engoli em seco.
 - Ano passado?
Ele tirou a mão da nuca e as colocou dentro da água. Ele parecia procurar algo pra se esconder.
 - Sim.
Mordi o lábio de leve, pra esconder meu nervosismo.
 - O que é que tem?
Ele tirou as mãos da água e ficou brincando com a espuma na superfície. Ele não me olhava e eu olhava suas mãos, nervosas.
 - Eu queria saber se... Você gostou?
Mordi o lábio, muito nervosa. Eu tinha gostado. Muito. E não tinha parado de pensar naquilo desde que aconteceu.
 - Sim...
Sussurrei, muito baixo. Ele escutou, mas continuou brincando com a espuma, visivelmente nervoso. O que era aquilo? O garoto mais confiante que eu conhecia estava super nervoso por falar num assunto com sua melhor amiga? O mundo estava enlouquecendo.
 - E você?
Me arrependi de ter perguntado quando ele levantou a cabeça e me olhou, confuso. Ele se esqueceu da espuma.
 - Gostei.
Aquilo era realmente constrangedor.
 - Então... Porque mesmo a gente ta falando disso?
Ele deu de ombros e voltou a se concentrar na espuma.
 - Sei lá... Queria saber se você gostou ou se... – ele fez uma pausa e pegou a espuma e jogou pra cima, nervoso – a gente podia repetir a dose.
Ele se concentrou, realmente, na espuma, parecendo querer se esconder. Eu não sabia o que dizer. É claro que eu queria repetir, mas... Aquilo era loucura! Eu gostava dele e aquilo era, realmente, loucura.
 - Sim...?
Foi quase uma pergunta, ele afundou na banheira. Ele estava se escondendo. Mas do que, eu não sabia. Esperei.
 Segundos depois ele voltou à superfície e limpou o rosto, com as mãos molhadas.

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