segunda-feira, 17 de março de 2014

Sobre mim, heróis e ela

 Um dia eu percebi que eu estava grande. Grande demais, porque eu percebi que os livros mentem, as histórias mentem, os filmes mentem, até os pais mentem. Eu cresci demais pra continuar acreditando em coisas como papai noel – não que eu realmente tenha chegado a acreditar – e fada do dente.
 Sabe aquela coisa de tudo dar certo no final, das coisas se resolverem, de você ter sonhos maravilhosos e realizar todos eles? É tudo mentira. Você realmente se dá mal muitas vezes na vida. Mas nada disso garante que tudo dará certo no final. Ou melhor: apenas diz o quanto você não tá preparado e o quanto ainda vai enfrentar muitas coisas ruins e talvez essa fase não passe nunca. E talvez você morra.
 Eu não gosto muito de pensar. Pensar em mim, nas coisas que eu vivo, nos meus sentimos... Eu não gosto de nada disso. Porque eu sou muita coisa, eu sinto demais. E isso me prejudica. Muito. Eu nunca estou certa de nada, eu sou insegura demais, confusa demais. E em dias que eu tenho tempo demais pra pensar, eu fico mal demais.
 E em dias como esses, eu queria realmente que heróis existissem. Aqueles heróis que sempre aparecem na hora certa pra te salvar. Eu queria heróis não estilo histórias em quadrinhos. Mas heróis mais reais, melhores. Queria heróis que pudessem curar o câncer, a depressão. Heróis que curassem corações partidos. Talvez eles fossem ficar sobrecarregados de tanto trabalho e entrariam em depressão também.
 Heróis não existem. E isso dói de saber. Talvez porque quando eu fosse menor, eu acreditasse que heróis poderiam salvar o mundo o tempo todo de super vilões que queriam dominar o mundo ou escravizar a humanidade. E a verdade é que não existem super vilões assim. Existem uns bem piores. E o pior dessa história toda é que os heróis estão quietinhos em seus cantos, com medo de serem mortos pelos vilões. Nas ficções as coisas não funcionavam assim...
 Quando eu era criança, talvez eu fosse mais corajosa. Eu tinha a audácia de confiar nas pessoas, eu não tinha medo de falar com alguém, eu não tinha medo de simplesmente sentar ao lado de alguém e puxar assunto, mas de acordo com o tempo, eu fui crescendo e eu comecei a ter cada vez mais medo. Medo do colega da cadeira ao lado, medo de conversar com alguém que eu não conheço, medo das pessoas, medo do mundo. E eu não sei explicar exatamente porque nem quando isso começou. As coisas meio que perderam o sentido, perderam a magia e tudo se tornou meio banal diante dos meus olhos. Eu não consegui evitar. E quanto mais fui crescendo, a vida foi perdendo um pouco do sentido. Eu tinha meus amigos, meus sorrisos, minhas coisas, mas mesmo assim... Tudo se tornou tão frágil, tão... Sem sentido.
 E tudo vai caindo, afundando bem em frente aos meus olhos. E daí talvez tenha aparecido alguém que me fez ter alguma fé na vida novamente. Era alguém com um sorriso bonito, uma conversa sem sentido, ideias malucas, corpo maluco. Era tudo meio maluco. O beijo dela também era maluco. Enlouquecedor. E essa pessoa de repente faz com que tudo vá por água abaixo novamente. É como se sentir sem chão...
 Meu mundo estava cheio de inseguranças de novo, não é algo que eu possa controlar. Muitas pessoas vêm e vão... Outras ficam. Umas marcam. Outras machucam. E nada parece conseguir reerguer meu mundo desmoronado. Talvez ele devesse ficar assim mesmo, pra sempre. Talvez esse seja o preço a se pagar por ser sensível demais, por ser demais. Não demais nesse sentido, mas demais como... Ser coisas demais, ser muito pra mim mesma. E eu talvez tenha me acostumado.
 Mas de repente alguém aparece pra me tirar dos eixos novamente. E sabe... Não é uma coisa normal. Alguém que me causa arrepios e diz que me ama todos os dias. E... Eu não sei como lidar. Eu desconfio dela, porque eu já confiei em tanta gente. Eu tento me afastar, porque já me aproximei de tanta gente. Eu tenho magoar, porque já fui magoada por tanta gente. Mas ela é como... Eu não sei explicar. Ao mesmo tempo em que fere cura. É... Incrível. E talvez eu não saiba muito bem como lidar com toda essa coisa incrível dela, e talvez ela também não. Porque é como se ela não conseguisse enxergar todos os pontos positivos que eu vejo nela e sabe... Aquele mesmo mundo destruído que eu tenho em mim, ela tem nela. É como se... Eu não sei. Eu entendo. Eu sinto. Eu sofro. É como se eu quisesse me tornar herói de repente. Herói pra poder curar e reconstruir o mundo dela, apenas pra que ela possa sorrir pra reconstruir o meu. Mas é como se... Não pudéssemos ser assim. Ela evita. E talvez ela nem esteja sendo tão honesta comigo... E eu... Eu confio. Meio desconfiando. Meio chorando. Meio sentindo tanta falta dela. Talvez isso seja tudo coisa da minha cabeça.
 Sabe os heróis? Talvez eles existam... Porque eles querem ser heróis. Talvez esses heróis não curem o câncer ou corações partidos. Mas talvez eles mudem a vida de alguém simplesmente porque precisam fazer isso. Talvez esses heróis salvem as pessoas que eles precisam salvar. E eles não são aquele tipo de herói perfeito, que faz tudo ficar bem no final. São heróis imperfeitos, tortos, que cometem erros. E buscam concertar. Mesmo aqueles que não são seus. Eles concertam seus próprios erros e os erros de quem desejam salvar. Talvez esse seja o grande segredo dos heróis de alguém. Talvez eu queira ser o herói de alguém, apesar de achar que preciso mais um herói do que posso ser. Mas eu gostaria de tentar. Por alguém. É esse o objetivo não é? Talvez eu queira ser herói por ela. Por nós.


 Talvez eu só esteja com sono demais...

quarta-feira, 12 de março de 2014

Ainda sobre garotas com g

 Tá tudo bem.
 Talvez...
 Outro dia alguém me perguntou "está melhor?" e foi uma das poucas vezes que eu realmente quis dizer "talvez". Eu disse. Foi como se ela me abraçasse com os olhos, sabe... Gostei da sensação. Um pouquinho.
 Tem uma outra pessoa que me faz sentir arrepios. É alguém que eu gostaria que fosse mais próximo... Não só afetivamente, mas fisicamente também. É uma pessoa que me dá nos nervos. Eu enlouqueço com muito pouco quando se trata dela. É como se... Sei lá. Eu penso nela o dia todo, é uma tortura. Porque ela some, ela reaparece, pede desculpas. E, sinceramente, eu não sei. Eu me arrepio inteira com qualquer coisinha.
 Talvez isso seja amor.
 Aliás, boa novas: eu não tenho mais medo do amor. É quase como se libertar de cordinhas invisíveis que prendem seu espírito. Escolher não amar, ter medo do amor, é uma coisa tão... Estranha. É quase como se prender em você mesmo. Não recomendo.
 Eu passei por umas fases meio densas. Ainda estou passando. Mas sabe... Ouvi uma música que me fez perder todas as minhas desesperanças em qualquer coisa. Estou me obrigando a sorrir quando acordo, escrever uma frase feliz ao longo do dia, continuar algum drama, abraçar alguém. Estou meio que me obrigando a ser feliz. Meio que não ficando brava por coisas bobas, meio que tentando amar as pessoas.
 Foi preciso apenas um dia pra essa mudança imensa em mim.
 Mas, como sempre, não dá muito pra confiar. Minha montanha-russa emocional ainda está instaladinha aqui em mim, então temos que ir com calma. Não seria legal descer de uma vez tudo de novo. Apesar de que a descida é a parte mais emocionante, subir dá um friozinho na barriga gostoso de expectativa. E se for pra cair, que seja cair sorrindo, levando as coisas boas lá pra baixo, pra voltar com calma, mas com tudo. Um passo de cada vez, olhando bem onde se pisa.
 Eu decidi perdoar também. E dizer "eu te amo" mais vezes pras pessoas que eu realmente amo. É meio complicado. E eu ainda sou uma romancista/romântica devota e incurável.
 Sei lá...
 Eu ainda no pensando em garota com g de...

sexta-feira, 7 de março de 2014

Garotas com G de...

 É engraçado como as coisas mudam. Engraçado não... Estranho. Às vezes, as mudanças ocorrem rápido demais até pra mim que sou literalmente uma metamorfose ambulante. Algumas coisas mudam rápido demais pra minha mente apegada, as coisas saem fora do lugar, eu fico fora dos eixos, eu padeço. Eu perco o rumo. 
 É engraçado como eu paro de me importar com as pessoas sem nem perceber. Acontece sempre da mesma forma. Um pouco de dor, um pouco de raiva, um pouco daquilo que costuma ser uma felicidade de fachada. Eu não sei. E de repente, eu já nem penso mais tanto naquilo.
 Eu realmente não gosto de mudanças repentinas. Não por parte dos outros. É como se eu tivesse dormido por um tempo e a pessoa tenha mudado completamente os costumes, a forma de falar, seu jeito, o sorriso, é como se absolutamente tudo tivesse mudado. E é como se eu não fizesse mais parte daquela nova "pessoa".
 Eu geralmente enjoo fácil. De tudo. Das pessoas, do meu rosto, do meu quarto, da minha forma de expressar as coisas, do céu, do tempo. Se está calor por tempo demais eu me sinto mal, igual para o frio. Se meu quarto ficou arrumado por tempo demais, eu me incomodo, se ele está muito bagunçado a mesma coisa. Mesmo que meu quarto seja sempre bagunçado.
 Parece que estou me expressando de forma literal demais. Isso me incomoda. Geralmente eu gostaria de falar coisas nas entrelinhas.
 Eu estou uma confusão hoje. Acho que é tpm. Ou não.
 Eu só senti vontade de escrever. Da forma nada clara e subjetiva com a qual estou acostumada.
 Acho que entendo porque as pessoas infelizes gostam tanto de álcool: ele te tira a capacidade de pensar. E sabe, se você não pensa, não tem como pensar em todas as coisas que estão erradas. Logo, você terá uma falsa sensação de plena felicidade. Eu me sinto assim sem qualquer álcool. É como ser alcóolatra. Quando você bebe, está tudo bem, sem pensamentos, sem sofrimento. Mas a partir do momento que você se torna sóbrio, é como uma queda. E das feias. Às vezes me sinto assim... Talvez se eu fosse alcóolatra realmente seria mais fácil. Eu deveria apenas me internar numa clínica.
 Quando se vive uma montanha russa é meio complicado de "se curar". É como estar por um fio a todo momento, os sentimentos podem se modificar a qualquer momento. Uma bomba relógio, um fio cortado errado e bum! está tudo desmoronado. Não desmoronando, não caindo, não explodindo. Mas desmoronado. Tudo de uma vez. É a pior das sensação.
 Eu me sinto como se não fosse uma pessoa exatamente equilibrada. O que eu tenho é uma vaga sensação de equilíbrio, como na época em que eu fazia ballet, girava na ponta de um dos pés por um segundo numa pirueta, num piqué perfeito depois de um arabesque. Mas eu nunca fui boa nem com piruetas nem arabesques. Na realidade, equilíbrio nunca foi meu forte. Me manter sóbria depois de várias piruetas nunca foi um sucesso. Eu sempre acabava cambaleando.
 Talvez eu tenha sido feita pra cair, pra errar, pra sair fora dos eixos. Pra ficar tonta. Errada.
 Me lembro vagamente de algumas aulas de quando eu era pequena. As coisas eram fáceis, parecia que eu tinha jeito pra aquilo. Eu nunca gostei da disciplina, eu gostava de dançar Xuxa no final das aulas, do relaxamento e das brincadeiras. E depois quando eu avancei de nível, eu ficava até o final da aula das crianças menores pra poder dançar Xuxa com elas. O improviso sim era meu forte.
 Eu abandonei o ballet um tempo depois (junto com o teatro, jazz e todos os meus outros sonhos), pra descobrir que lá é que era o meu lugar.
 Eu não voltei.
 Eu sou incoerente, eu sou confusa. Enjoada. Enjoativa. Sou doce. Doce bom. Mas daqueles doces que se você comer demais, vai enjoar rapidamente. Eu sei disso. Sempre soube. O problema é que as pessoas não sabem disso. No final, elas escolhem outro doce. Enjoaram de mim. E mesmo que isso torne as pessoas azedas, eu continuo apreciando-as. Sempre gostei dos azedos, daqueles que todos preferem deixar por ultimo e acabam não comendo. Até aparecer alguém com um gosto refinado o suficiente pra conseguir apreciá-los da forma certa.
 Um dia eu contei a uma amiga - daquelas amigas especiais pra caramba - uma das minhas metáforas. Ela disse que eu era louca. Talvez eu concorde. E talvez eu também ache as minhas metáforas uma bosta.
 Algum tempo atrás, eu confessei a uma garota que estava apaixonada por ela. Foi divertido imaginar a cara de surpresa dela enquanto me mandava mensagens tentando entender as besteiras que eu dizia. Porque, geralmente, eu não faço sentido. Aliás uma amiga (a mesma de antes) disse que eu não sou coerente.
 Eu estou envolvida demais com alguém. Alguém que talvez não entenda quando eu lhe digo "estou me envolvendo demais", porque sério, quando eu me envolvo demais é um problemão. Ninguém gostaria de me ter envolvida demais, a não ser que esteja tão ou mais envolvida que eu. O que não é o caso.
Odeio garotas que fazem meu estilo. Elas são irritantes. Irritantemente lindas. Garotas com sorrisos complicados, histórias, um passado... Garotas... Garotas tem a mesma inicial que o nome dela... Garota. Ela.
 Acho que estou apaixonada. Será que é uma problema?