domingo, 15 de abril de 2012

Só mais uma história de amor.

 Ela esfregou os olhos, pela décima vez só naqueles poucos 10 minutos em que estivera ali.
 Aquele lugar lhe dava calafrios. Nem mesmo ela sabia porque estava ali. Mas aquele lugar lhe trazia alguma familiaridade, algum conforto. Era o único lugar em que ela conseguia se sentir realmente... em casa.
 Nem ela mesmo sabia o porque daquilo. Talvez porque fora ali o lugar em que ela sempre o encontrava. Seu príncipe encantado. Que não era nem tão príncipe, nme tão encantado como ela imaginava. Ela também já não se importava.
 O lugar estava cheio, ela procurou pelo cantinho vazio, ela se sentou e esperou. Esperou que qualquer sentimento a tomasse. Mas não aconteceu nada. Só o cheiro forte de fumaça, alcool e gente suada a atingiu.
 Ela tossiu e coçou o nariz. Aquilo a irritava.
 Pelo menos, não estava com aquelas vertigens estranhas e enjoos fortes de sempre.
 Ela vasculhou o bolso de trás da calça desgastada e pegou um maço de cigarro. Aqueles que eles sempre fumavam. Porque ela insistia naquilo?
 Ela pegou seu esqueiro e acendeu o cigarro. Que droga era aquilo que ela estava fazendo? Estava se matando, aos poucos, porém, rápido de mais.
 Com tragadas rápidas, ela terminou o cigarro. Coçou o nariz, se levantou dali e foi procurar o que fazer.
 Ela saiu dali, meio tonta com o cheiro de funaça horrível que o lugar tinha. Enquanto saía dali, alguns olhares atravessaram o corpo dela. Ela se encolhia.
 Ela saiu dali e arrumou sua blusa. Que merda ela estava fazendo com sua própria vida?
 Ela vasculhou o bolso de trás da calça novamente. Pegou seu pacotinho precioso. Nem ela sabia porque fazia aquilo. Pegou seu pedaço de papel, enrolou seu pó no papel e acendeu o cigarro improvisado. Ela deu de ombros e deu aquela velha e boa tragada.
 Depois de mais uns cinco daqueles, ela já nem sabia onde estava. Tudo parecia certo e em seu lugar, tudo parecia bem. Sem nanhuma ferida, sem nenhuma dor. Ela sabia que estava deitada em algum chão, em alguma rua, em algum lugar. Ela estava se sentindo bem, mas não estava.
 Ela sentiu braços fortes a levantando dali e deixando seu cigarro cair de seus dedos.
 - Não!
Ela protestou. Os braços a seguraram mais forte. Ela os conhecia de algum lugar.
 - Dá pra ficar quieta?
Ela resmungou, sem conseguir falar. Ele apenas chingou baixo. Ela não viu mais nada.
 Ela acordou, ainda estava escuro. Estava em um quarto, e não era o seu. Estava deitada em uma cama, e não era a sua. Ela olhou em volta o viu.
 Ele soltou um suspiro aliviado, tentando não demonstrar isso a ela. Ele sorriu.
 - Oi.
Ela mordeu o lábio. Era ele!
 - É... oi?
Ele sentou ao lado dela na cama, colocou seu cabelo bagunçado pra trás da orelha e a olhou.
 - O que foi?
Ela engoliu o nó em sua garganta e ignorou o enjoo que tomou a boca de seu estômago.
 - Porque? Porque você está aqui? Já não bastou ter me deixado? E feito eu me sentir um nada? E depois ainda vem me ajudar. Pois saiba que é por sua causa que eu estava naquele estado. Agora vai finjir que se importa?
Ele sorriu.
 - Era.. por mim?
Ela deu de ombros.
 - Você não respondeu nenhuma das minhas perguntas. Porque você está aqui? Porque me trouxe pra cá?
 - Porque eu te amo.
Uma lágrima escapou.
 - Mentiroso!
Ela se sentou, irritada e uma vertigem a tomou. Ele olhou nos olhos dela.
 - Eu amo você, princesa.
 - Mentira...
Ela sussurrou. Ele pegou as mãos dela e a olhou nos olhos, profundamente. Ela perdeu o fôlego.
 - Desculpa ter te deixado. Eu fiquei com medo de que se continuasse comigo, você fosse ficar assim... fosse acabar fazendo besteiras. Que nem eu sempre faço. Fiquei com medo que seguisse o mesmo caminho errado que eu. Mas agora eu percebi que comigo você está muito melhor.
 - Para... de mentir... olhando em meus olhos.
 - Eu não estou mentindo. Eu te amo. Eu te ajudei não foi? E agora eu juro, que nunca mais te deixarei. Vou cuidar de você, minha pequena princesa.
Ela sorriu, ele a tomou nos braços e a beijou. Eles ficaram a noite toda juntos, como nos velhos tempos.
 E ela descobriu que quem ela pensava ser seu príncipe de araque que a feriu, era seu maior príncipe encantado. Ela ficou com ele, pra sempre.

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